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Capricornio Um
Ida do homem à Marte não passa de farsa para o mundo inteiro assistir, nesse Thriller dirigido por Peter Hyams na segunda metade dos 1970
Muito antes das “teorias de conspiração” tão em moda na Internet a partir dos atentados do 11 de Setembro, escritores e roteiristas de Hollywood já cogitavam hipóteses absurdas –algumas bem fundamentadas- acerca das propaladas façanhas patrocinadas pela tecnologia de ponta. No caso de Capricórnio Um, a idéia pode ter surgido da própria viagem do homem à Lua, realizada há então apenas nove anos dali.
Incumbida de pousar em Marte sob os auspícios da NASA, uma tripulação de três astronautas –vividos por James Brolin, Sam Waterston e OJ Simpson– vê-se envolvida numa gigantesca farsa que pretende engrupir a população mundial a fim de que seja reafirmada a supremacia norte-americana frente à Corrida Espacial. Um estúdio montado em galpão no meio do nada, serve como cenário para a superfície do planeta vermelho, o que inflama ainda mais a ira dos incautos. O problema é que o truque só é revelado aos três heróis, na “hora h” da decolagem, provocando uma espécie de motim controlável até o momento em que a equipe decide pôr sebo nas canelas, peitando autoridades e políticos interessados na manutenção do plano. Inicia-se uma acirrada perseguição no deserto, com cada um dos três seguindo uma direção diferente, enquanto dois helicópteros esquadrinham a região para sumária eliminação dos rebelados. A intromissão do repórter Robert Caufield (Elliot Gould), intrigado pelas dimensões do golpe, contribuirá para o desmanche da tapeação.
Produzido no auge de uma safra que começara com Todos os Homens do Presidente, passaria por Rede de Intrigas (ambos de 1976) e teria seu ápice no excelente Síndrome da China (1979), Capricórnio Um teve a sorte de contar com a habilidade de Peter Hyams para injetar adrenalina no roteiro de sua própria autoria: fascinante por natureza, o tema só descamba à inverossimilhança, no momento em que o final parece por demais apressado quando Caufield desvenda o paradeiro do astronauta Brubaker (James Brolin) partindo de uma transmissão dirigida à mulher deste e um simples mapa rodoviário rabiscado na madrugada anterior.
De resto, o filme oferece ritmo hitchcockiano, sem se deter em discursos moralistas típicos de produções que carregam no tom contestatório ao poderio bélico-espacial dos americanos. Hyams se vale da genialidade do montador James Mitchell, particularmente brilhante, na tomada em que Robert Caufield tem os freios do carro sabotados até um vertiginoso mergulho no vão de uma ponte-móvel. Sem steadicam ou coisa parecida, a câmera presa ao para-choque tira o fôlego do espectador, assim como na alucinante perseguição no deserto, outro tiro certeiro de Mitchell.
Desse delicado fiel da balança, onde o filme jamais inclina-se ao dramalhão conscientizador ou tinge-se de matizes apelativos à pancadaria, conclui-se que Capricórnio Um habita o difícil território das fitas de ação francamente avessas à fórmula do “gato x rato,” bastante comum nas produções da década subseqënte a qual foi realizado. Puro entretenimento inteligente, como todo bom Cinema deve ser.
Atenção!
O piloto do teco-teco na fuga sobre o deserto, é o lendário Telly Savalas (o detetive da telessérie Kojak), responsável pelo excelente “cameo” habilmente escolhido por Hyams.
Capricorn One
Direção: Peter Hyams
Com: Elliot Gould, James Brolin, Brenda Vaccaro
Duração: 127 min.
Meio: DVD
Distribuição: Warner Bros.
Qualidade da Cópia Analisada: Excelente
Índice de Raridade